quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

6x04 – Porque eu ainda acredito!

Temporada 6, episódio 4 - Porque eu ainda acredito!

“Esse ano vai ser diferente! Os dias de cão ficaram para trás!”. E foi assim que começou o meu 2011, definitivamente acreditando que o novo ano que acabara de começar seria diferente. Tocava uma musica chamada “Dog days are over”. Abri cuidadosamente a única garrafa de champanhe que havia em casa – ela era a minha única companhia em meu mais um réveillon solitário. Enchi minha taça, gritei mais uma vez “the dog days are over” (não me importando com o real significado da música) e bebi! Cada um tem o seu ritual, pulando ondas, comendo lentilha ou vestido de branco – o meu ritual é começar o ano com uma música que representará o que está por vir.
É claro que sei que uma virada de ano é apenas uma mudança no calendário gregoriano. Uma medida de controle do tempo, dividido em unidades menores e maiores.
Mesmo sendo uma simples mudança de calendário, é inegável que todo o ser humano carrega consigo o sentimento de “tentar começar algo novo”, mesmo tendo a ciência de que os problemas do dia 31/12 vão seguir no dia seguinte, que as contas não foram pagas com a virada de ano e que aquela academia ainda não saiu do papel.
Uns criticam com a prepotência de tirar a alegria alheia falando o que eu já disse aqui: é apenas uma mudança de calendário. Sim, é uma mudança de calendário, mas ainda sim é a mudança de comportamento, da vontade de criar algo novo que traz toda a magia desta época. Promessas são feitas e poucas cumpridas, mas quem se importa com o real acerto disso? Hipocrisia, talvez, mas não acredito nisso. Acreditamos que somos motivados a mudar, assim como o calendário.
Indiferente do ritual que se (não) pratica, todos o fazem pela crença de que todas as coisas podem ser diferentes. O meu rito, na virada de 2010 para 2011 foi a entoação de que as coisas ruins ficariam para  trás, mudaria minha postura e me tornaria uma pessoa segura. Tudo isso com champanhe. “The dog days are over… the dog days are done …the horses are coming so you better run. Deliciosamente, o espumante me refrescou naquela noite quente. Os fogos de artifício estouravam, os vizinhos comemoravam e eu cantava: “the dog days are over!”.
A música acabou e a champanhe do meu copo também. Nova música, mais bebida. Ciente do estrago que teria, tomei a dose da rodada mais rápida que a anterior. Mas e daí se eu teria tontura e dores de cabeça no dia seguinte? E então? “So what”? Era meu primeiro grande momento no ano, só meu! Como dizia na segunda música, eu tive os meus momentos de rockstar naquele breve instante. Cantei, dancei e bebi. O que mais importa se dessa vida o que se leva são esses pequenos devaneios? Confesso: passei muito mal depois, talvez sendo o que as pessoas chamam de ressaca.
Se a superstição deu certo? Mudei de emprego, me formei na faculdade, me reaproximei de pessoas distantes, me tornei mais sociável, conheci muita gente legal, me apaixonei, me frustrei, me apaixonei novamente, namorei (por pouco tempo, tudo bem), me diverti com amigos, com inimigos e com cosplayers. Foi um ano atípico. Se isso foi resultado do meu ritual de passagem de calendário, isso eu não sei, mas eu quero acreditar que se houver força de vontade não importa o que se faça nesse momento da virada.
Irei cantar, entoar um novo hino e beber, mesmo sabendo que isso me deixará com uma tremenda dor de cabeça. Farei tudo novamente para viver tudo (e ainda mais). Eu acredito que não é o ano que tem que mudar, mas sim a atitude humana.
Feliz 2012! Poderá ser o último, então não devemos desperdiçar!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

6x03 - ... e o Natal

Temporada 6, episódio 3 -  ... e o Natal

Finalmente, o Natal. Uma data com diversos sentidos e definições. É uma festa pagã que foi adaptada ao Cristianismo. Não vejo nada demais nessa adequação, porque, assim como as pessoas, o Cristianismo precisava de um grandioso ponto de apoio, o seu gênesis, e encontrou em meio às festividades solares dos povos uma brecha para determinar uma data. Indiferente da data, ou do motivo pela tal escolha, o Natal cristão representa o sentimento fraterno, de preparação para a renovação, o nascimento e o ensaio de todos os bons sentimentos amorosos que se possa imaginar – isto se chama Espírito Natalino. Embora seja um momento de troca de presente e de felicitações, o Espírito Natalino tem um tempo de efeito que, praticamente, inicia uma semana antes do Natal terminando-o no dia seguinte.
Enquanto boa parte se diverte com essa festa, não acho justo tentar tirar o brilho desta época do ano. Embora, hoje adulto, me recordo de como o mês dezembro mexia com o meu imaginário. Sempre sonhava com um Natal no melhor estilo norte-americano, com uma festa em família, um enorme pinheiro enfeitado no meio da sala, neve e muito frio. Bem, as coisas não aconteciam como o imaginado: a família de dissipava, não havia árvore de natal e muito menos frio e neve.
Compreendo o motivo de tanta gente entrar em depressão nessa época do ano e cometer barbáries contra si: enquanto muitos se embebedam nas (falsas) trocas de afeto e carinho, a solidão bate à sua porta. Natal não é isso. É a celebração de um grande fato para um grande grupo religioso.
A festa natalina até pode ter várias conotações, perdido o seu sentido original e tudo mais. A única coisa que o Natal não pode perder é a capacidade me mexer com o coração e o imaginário das pessoas.
Feliz natal à todos!! 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

6x02 - Chorar, compreender e superar

Temporada 6, episódio 2 – Chorar, compreender e superar

Era final de tarde de um domingo quente e preguiçoso. Estávamos deitados em sua cama, apenas em silêncio, aparentemente repousando depois de pintar algumas paredes de seu apartamento. A quietude era mórbida, mas de alguma forma não parecia me incomodar, pois simplesmente estávamos descansando e aproveitando lado a lado os momentos finais antes de minha partida. Os dois se viram, trocam olhares e logo em seguida se voltam olhando para o teto. Mais silêncio. Neste momento fechei os olhos e compreendi que todo o conto de fadas estava chegando ao fim. Ouço uns soluços. “Pronto”, pensei, “Agora, de fato, tudo estará terminado”. Lágrimas começaram a rolar da pessoa do meu lado. Ela me pediu um abraço e finalmente o recado havia sido compreendido. “Eu tentei, juro que tentei, mas não estou conseguindo mais”, disse ela.  Segui abraçando-a, contendo as minhas lágrimas. Aquelas palavras foram, ao mesmo tempo, puníveis e confortáveis. Confortáveis porque a situação já estava complicada. Puníveis por demonstrar a minha incapacidade de reconquistar as pessoas. “Não quero te machucar”, continuou. O silêncio dominou o ambiente. Em meu peito, não havia conserto: a ferida já havia sido feita. Não chorei, embora a vontade fosse grande. As lágrimas dela rolaram por nós dois. “Não queria te machucar, eu juro”, quebrando a calmaria. Suspirei e finalmente falei: “Todos se machucam algum dia”. Segurei as lágrimas e concluí em voz alta: “Então é o fim.” Despedidas, abraços, lágrimas, pedidos de desculpas e a ponta de esperança de que uma amizade nasceria. Não chorei (mas quase) e falei pouco, mas o que mais me chamou a atenção foi a minha cautela. Não senti, em nenhum momento raiva ou fúria da pessoa – senti que tenho a missão de reconquistar, mas sem saber como. Não guardo mágoa de quem me proporcionou, mesmo que poucos, ótimos momentos e, porque não dizer, inesquecíveis. Não negarei: chorei feito uma menininha quando cheguei em casa, até porque um fim de relacionamento é sempre um fim de relacionamento. Deixei o abatimento tomar conta. Alanis Morissette me entenderia nessa hora.
O sentimento de “mea culpa” tomou conta no dia seguinte. A outra pessoa não deixa de gostar sem motivo algum. Entendi que sou uma pessoa altamente entediante.  Devo ser como um refrigerante: com um gás tremendo no início e que aos poucos fica enjoativo. Tenho que ser como um chocolate, que é apreciado a cada tablete e, no final, se deseja mais. Se eu quiser reconquistar a pessoa, ou até iniciar outro relacionamento, deverei trabalhar melhor a arte do surpreender, do encantar e do fazer brilhar os olhos do outro. Ser certo parece ser entediante, mesmo sabendo que todos querem uma pessoa correta.
 Tendo culpa no cartório ou não, preferi isentar à outra parte da culpa pelo fim. Consegui encarar o dia sabendo dos meus pontos fracos e isso, de certa forma, me fortaleceu. Não desejo mal, tão pouco a sua desgraça. Desejo sucesso e felicidade, mesmo que essa tal felicidade não tenha a minha participação. 

sábado, 10 de dezembro de 2011

ANDRÉ™, A SEXTA TEMPORADA COMPLETA - ORIGINAL SOUND TRACK

ANDRÉ™, A SEXTA TEMPORADA COMPLETA - ORIGINAL SOUND TRACK

Faixa 1 - Evan Taubenfeld feat. Avril Lavigne - The Best Year Of Our Lives

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

6x01 - O Daltônico

Temporada 6, episódio 01 – O Daltônico

“-André, que número tu enxergas neste mosaico?” – perguntou o oftalmologista. “-86”, respondi para ele. “- E neste outro? Que número?”- perguntou novamente o oftalmologista, com a testa enrugada. “5, estou vendo o número 5” – respondi. “André, por acaso você conhece os números? Onde tu estás vendo um 5 ou um 86 nesses mosaicos?” – nesse momento era perceptível a leve irritação do “tio” que está em minha frente. Sem entender o motivo da irritabilidade e da pergunta, respondi: “Claro que eu conheço os números. Sou o mais inteligente da 5ª série e minha matéria preferida é matemática!”. Peguei os mosaicos na mão e com o dedo “desenhei” os números: “O número 5 está aqui e o 86 aqui!”, indiquei. Naquele momento, as palavras que o oftalmologista me disse soaram como uma revelação bombástica que respondia boa parte dos meus medos: “André, tu é daltônico!”. Claro, como eu ainda não havia pensado nisso? O desgosto pelas aulas de desenho no meu jardim de infância muito se dava porque meus colegas riam de mim ao ver que a cor das minhas montanhas não era “do verde que eu enxergava” e que o tronco das minhas árvores era um “marrom diferenciado”.
Daltonismo é um defeito na percepção de algumas cores, geralmente vermelho e verde, geralmente originada por problemas genéticos. Daltonismo por causa genética, claro! Uma ótima herança de meus pais, mas antes isso do que qualquer outro problema.
Enquanto uns são daltônicos por motivos genéticos, outros são daltônicos por birra – não enxergam as cores porque não querem. Assim como o pior cego é aquele que não aceita os fatos como são, o pior daltônico é aquele que não consegue ver as reais cores da vida. Sim, eu sei, é poético, mas se tem uma coisa chata e desanimadora é estar ao lado de alguém que reclama de todas as coisas. Não consigo ver a graça na vida de alguém que não consegue ver as cores do sol em um dia frio de inverno, ou tão pouco das nuvens, que anunciam chuva, em uma tarde de calor. Dizem que a vida da pessoa termina quando ela deixa de sonhar e acrescento mais: a vida da pessoa termina quando ela se torna “daltônica-real”. Pessoas assim devem ser aquelas que não cantam a música que mais gosta, que não aprecia o sabor de uma boa pizza, ou que não sentem nenhum prazer durante o sexo. Amargas, desanimadas e rabugentas. O daltônico-real reclama da música alta da festa que ele vai, do carinho que ganha da pessoa amada e dos enfeites de Natal no dia 25 de dezembro. Acomodada, previsível e enfadonha. O daltônico-real sai de casa por obrigação e dá bom dia por simples educação.
Como se não fosse bastante, o daltonismo-real é contagioso. O portador dessa anomalia tem a capacidade de transmitir isso rapidamente. É epidêmico. É impossível, para o portador dessa doença, sentir-se bem ao lado de quem consegue desfrutar do espectro de cores que a vida proporciona. E como criticam! Nada está de acordo. Assim fica difícil.
O daltonismo que eu sofro, o genético e que não reconhece algumas cores do espectro, não tem cura. Enquanto o outro, só não se cura quem não quer...