quarta-feira, 21 de março de 2012

6x11 - Enfim, adulto

Temporada 6, episódio 11 - Enfim, adulto

Depois de uma semana totalmente atípica, cheguei a uma conclusão que estava evitando há muito tempo: minha adolescência finalmente acabou. Um emprego consideravelmente bom em relação à boa parte da população, formado na faculdade e morando fora da casa dos meus pais.
Para quem conhece minha trajetória sabe do meu belo currículo juvenil. Dedicado à uma adolescência voltada para os estudos, trabalho e a religião, minha fase de “curtição” passou muito batida. Tendo que trabalhar aos 14 anos e complementando o meu tempo semanal aos estudos, senti na pele a correria de “não ter temo para nada”. O que muita gurizada reclamada hoje, de trabalhar e estudar simultaneamente, eu sempre emendo: fiz a mesma coisa mais jovem do que você, era o cara que tirava uma das (quando não era a) notas mais altas das turmas e ainda sobrava um tempo no final de semana dedicado à cursos de formação profissional, aulas de catequese e grupo de jovens da Igreja Católica. Sim, já fui um santo! Sempre tive que pagar os meus estudos, inclusive a universidade, quando ingressei em 2002. Era muita responsabilidade para uma criatura de 17 anos, porém ciente do que estava acontecendo e do caminho que deveria ser seguido. Não é questão de se fazer de vítima, é apenas uma abordagem de que todos possuem uma história e que chegar onde está não é mero acaso ou sorte.
Mesmo tendo pequenos compromissos, sempre me senti um “gurizão” ou um eterno adolescente, que estudava, vivia com pouco dinheiro, trabalhava e saía para a balada no sábado. Longe de meus pensamentos a ideia de crescer e virar adulto. O “Complexo de Peter Pan” era algo visível e toda e qualquer atitude que me fizesse parecer mais jovem era tomada: corte de cabelo mais jovem, barba sempre feita humor lá em cima e cheio de planos. Nunca quis crescer e me tornar adulto – talvez por medo ou comodismo.
Em uma tarde de sexta-feira, passando (sofrendo com) uma de minhas camisas sociais eu pensei: poxa André, finalmente você cresceu. Está lavando e passando as suas roupas e preparando o seu almoço. Mesmo que dividindo a moradia com uma grande amiga – o qual arrisco a dizer que não poderia ter escolhido alguém tão boa quanto ela – o orgulho daquele momento, em que finalmente assumi meus primeiros cabelos e fios de barba brancos foi ímpar! Um pequeno passo para a sociedade, mas um enorme para um simples homem. Finalmente sou um adulto.
Quem sabe esse é o dilema de muitos jovens que possuem certo medo em sair da fase adolescente e assumir a maturidade adulta. Acredito que muitos dos trintões e quarentões que ainda se agarram na saia da mãe o fazem por insegurança e medo da vida adulta. Até compreendo, pois tive o mesmo medo por muitos anos até dar esse passo.
Tornar-se adulto, responsável, ciente, seguro de seus sentimentos, forte em suas convicções, com objetivos profissionais bem definidos, com preocupações financeiras. Mais cedo ou mais tarde todos acabam sendo consumidos por isso, seja por vontade própria ou pela força ingrata da natureza. Quanto mais se tardar, pior: ninguém é eterno!

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