sábado, 3 de março de 2012

6x09 - Castelo de Ás

Temporada 6, episódio 09: Castelo de Ás

Caminhar pela cidade sem perceber as edificações é praticamente impossível, ainda mais quando se migra de uma cidade pequena para outra maior, muito maior, dez vezes maior. Nada que se compara com a selva de pedras da capital Porto Alegre, mas é impossível não perceber o tom cinza que São Leopoldo carrega – bem diferente de minha adorada Dois Irmãos, que chega ser um tédio de tão colorida que é. Andando pela cidade fiquei imaginando o grande trabalho que se teve para levantar tudo. Pode ser um tempo relativamente pequeno, talvez uns anos, mas um tempo menor se comparado com outras grandes edificações feitas. Pirâmides, estátuas, estruturas e outras maravilhas da engenharia, todas tão bem planejadas para a mais bela perfeição e harmonia.
Cálculo e muita paciência, ingredientes necessários para levantar qualquer coisa – seja uma selva de pedras ou um castelo de cartas. Castelo de cartas, como eu adorava levantá-los, equilibrar com todo o cuidado carta a carta, formando pilares, criando mais e mais andares. Era uma diversão trabalhosa, mas satisfatória.
Montar um castelo desses, de cartas, é trabalhoso e requer tamanho cuidado, assim como as relações humanas. Quando mais forte forem os pilares do castelo, mais resistente ele fica e, óbvio, mais difícil dele desabar. Quanto mais atenção se é dado na relação humana, mais resistente ela fica e menor o risco de qualquer coisa destruí-la. Indiferente daquilo que se faça nenhum castelo ou relação humana está livre do desgaste do tempo – cada um saberá contornar a depreciação e revitalizar os sentimentos. É como no castelo de cartas: se reforçam as bases para evitar um desabamento.
A coisa mais dolorosa em toda essa brincadeira é ver a sua “edificação” ruir em segundos quando um terceiro se intromete – seja por balançar a base ou por provocar qualquer brisa que todos os naipes se esparramam pela mesa. Parece que na amizade as coisas não são tão diferentes.
Seja forte ou seja fraca, esteja certo: em certo momento alguém virá e vai destruir tudo. Esqueça todo o esforço, todo o trabalho, o cálculo, a dedicação – esse alguém será tão mais importante, em um pequeníssimo prazo de tempo, do que você em anos de dedicação. É a tal da valorização, dos pesos e medidas, a formação de caráter, da mesquinhez e da idiotice – ombros podem te faltar mais à frente.
Se for para manter ruínas, eu não quero. Como bom tributarista municipal sei que ruínas, além de ter aparência horrível, é extremamente dispendiosa. Se for para manter ruínas, vamos demolir isso tudo de uma vez. Se for para levantar um castelo de cartas em um terreno nada firme ou sob a supervisão de alguém de personalidade duvidosa, não começaremos.
Nenhuma construção sobrevive à um alicerce fraco.

Um comentário:

  1. Amigo,as vezes, com nossas atitudes destruímos o nosso próprio castelo. E no seu caso, creio que amava tanto esse castelo que não suporta vê-lo nas mãos de terceiros. E sempre vai achar que o outro não tem condições de cuidá-lo como vc cuidava. Muitas vezes é preciso repensar seus atos,rever seus conceitos e reavaliar seus sentimentos, pois vc pode estar fazendo do seu reino uma verdadeira bagunça. E de rei vc pode passar a ser apenas o bobo da corte.

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