Nos
episódios anteriores...
“Todos os dias, de segunda à sexta-feira, eu
faço o mesmo caminho para ir ao trabalho. (...) Algumas coisas conseguem me
chamar à atenção e, uma delas, é a ortografia apresentada em anúncios, redações
escolares, placas e afins. Em certa manhã percebi que aquela simpática casa da
esquina havia se transformado em uma singela loja de antiguidades. Admirei a
genialidade do proprietário (...), mas a placa ao lado era mais cômica: “Tudo
para o seu cavalo: do fucinho (sic) ao rabicó”. Assim foi, dia após dias, meus
olhos açoitados pelas belas placas e suas grafias impecáveis, até o dia em que
eu tomei coragem e comentei com o senhor, dono do lugar, sobre o tal erro.
“Senhor, bom dia. Não pude deixar de reparar que a placa daquela carroça, lá da
frente, contem um erro: sítio é com ‘s’, e não com ‘c’” – comentei com ele.
Aquele senhor me olhou por dois segundos, deu uma risadinha marota e respondeu:
“Interessante, mas aquilo te chamou a atenção, certo?”. Afirmei com a cabeça e
ele finalizou, batendo o indicador na cabeça como sinal de astúcia: “Então
consegui o que eu queria! Tudo faz parte do plano!”.”
Já não passo mais a pé pela lateral da BR-116
como fazia antigamente. A passagem agora é mais rápida, devido ao ônibus. Numa
noite em casa, em um desses momentos de estalo mental, pensei: “o que será que
aquela loja de velharias tem anunciado em suas placas extravagantes?”.
No dia seguinte fiquei atento para conferir as
publicações da loja que era quase um museu, mas ao passar pela simpática casa
da esquina fui surpreendido com uma placa que, confesso, não gostei muito:
“Aluga-se”. “Aluga-se”, como assim? O que houve com a lojinha do senhor de
sorriso maroto que acreditava que os erros de português chamariam a atenção da
clientela? A lojinha, com todas as suas peculiaridades históricas e ortográficas,
entrará para as estatísticas do SEBRAE. Era quase um museu. A tentativa foi
válida ao inventar um nome mirabolante para uma casa que vendia objetos
antigos.
Infelizmente não saberei se os erros de grafia
naquelas placas eram de propósito ou se tratava apenas de erros inocentes de um
senhor que mal concluíra o curso primário.