quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Houston, we have a problem... (Blogsode #21)

Aumentando a frota!



     Foi comunicado oficialmente por uma fonte interna, e de segurança, que a empresa Wendling está adquirindo o ônibus espacial Endeavor dentro das próximas semanas. O ônibus espacial está em suas últimas missões pela NASA. O ônibus espacial Endeavor fará a linha Dois Irmãos-Nova Petrópolis.



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sétima temporada!

Está confirmado! Final de 2013 inicia a sétima  temporada, com episódios inéditos de "Andre, The Serie".

sexta-feira, 25 de maio de 2012

6x14 - Era quase um museu...

Temporada 6, episódio 14 – Era quase um museu...

Nos episódios anteriores...
“Todos os dias, de segunda à sexta-feira, eu faço o mesmo caminho para ir ao trabalho. (...) Algumas coisas conseguem me chamar à atenção e, uma delas, é a ortografia apresentada em anúncios, redações escolares, placas e afins. Em certa manhã percebi que aquela simpática casa da esquina havia se transformado em uma singela loja de antiguidades. Admirei a genialidade do proprietário (...), mas a placa ao lado era mais cômica: “Tudo para o seu cavalo: do fucinho (sic) ao rabicó”. Assim foi, dia após dias, meus olhos açoitados pelas belas placas e suas grafias impecáveis, até o dia em que eu tomei coragem e comentei com o senhor, dono do lugar, sobre o tal erro. “Senhor, bom dia. Não pude deixar de reparar que a placa daquela carroça, lá da frente, contem um erro: sítio é com ‘s’, e não com ‘c’” – comentei com ele. Aquele senhor me olhou por dois segundos, deu uma risadinha marota e respondeu: “Interessante, mas aquilo te chamou a atenção, certo?”. Afirmei com a cabeça e ele finalizou, batendo o indicador na cabeça como sinal de astúcia: “Então consegui o que eu queria! Tudo faz parte do plano!”.”

Já não passo mais a pé pela lateral da BR-116 como fazia antigamente. A passagem agora é mais rápida, devido ao ônibus. Numa noite em casa, em um desses momentos de estalo mental, pensei: “o que será que aquela loja de velharias tem anunciado em suas placas extravagantes?”.
No dia seguinte fiquei atento para conferir as publicações da loja que era quase um museu, mas ao passar pela simpática casa da esquina fui surpreendido com uma placa que, confesso, não gostei muito: “Aluga-se”. “Aluga-se”, como assim? O que houve com a lojinha do senhor de sorriso maroto que acreditava que os erros de português chamariam a atenção da clientela? A lojinha, com todas as suas peculiaridades históricas e ortográficas, entrará para as estatísticas do SEBRAE. Era quase um museu. A tentativa foi válida ao inventar um nome mirabolante para uma casa que vendia objetos antigos.
Infelizmente não saberei se os erros de grafia naquelas placas eram de propósito ou se tratava apenas de erros inocentes de um senhor que mal concluíra o curso primário.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

6x13 - Por que tão cruel?

Temporada 6, episódio 13 – Por que tão cruel?

Muitas vezes não paramos para pensar e valorizar no esforço que as pessoas fazem para te animar e arrancar um sorriso. Uma piada, uma historia real engraçada, caretas... Estamos tão rodeados de nossos problemas e conflitos que acabamos não percebendo que a nossa cara fechada poderia ser facilmente quebrada se simplesmente deixarmos.
Está certo: ficar de cara amarrada é um direito de todo mundo. Todos têm momentos em que se é testado a paciência ou que se fica magoado com alguém. Não seria egoísta de nossa parte acreditar que também não podemos magoar as pessoas? Não que não seria egoísta achar que somos os únicos seres dotados de sentimentos nesse Universo? Será que as outras pessoas, na preferência da harmonia, não abdicam de algumas coisas, não relevam situações. Por que ser tão cruel com as pessoas que nos rodeiam?
Lidar com sentimentos não é fácil, tão pouco lidar com pessoas cujas variações sentimentais são extremamente visíveis. Por que ser tão cruel com pessoas que aceitam isso tudo, em troca de harmonia?
Você não é a única pessoa que batalha nesse mundo. Você não é a única pessoa que se frustra nesse mundo. Você não é a única pessoa que se magoa. Você também não é a única pessoa que sofre sem motivos. Todos batalham, se frustram, se magoam e sofrem sem motivo. Por que ser tão cruel com a gente mesmo?
Todos precisam de apenas um motivo para inverter sua polaridade. Por que se é cruel com pessoas, sem ao menos dar o devido direito de resposta?


“Você, apontou minhas falhas novamente.
Como se eu já não as visse
Eu caminho com minha cabeça baixa
Tentando me proteger porque eu nunca vou impressionar você
Eu só quero me sentir bem de novo.

Eu aposto que você foi intimidado,
Alguém te fez ser tão frio
Mas o ciclo termina agora
Você não pode me levar por esse caminho,
Você não sabe, o que você não sabe

Algum dia, eu vou viver em uma grande e velha cidade
E você será simplesmente mau.
Algum dia, eu serei grande o suficiente para você não me atingir
E você será simplesmente mau.
Por que você tem que ser tão mau?”

quinta-feira, 29 de março de 2012

6x12 - A trollagem divina, parte I

Temporada 6, episódio 12 -  A trollagem divina, parte I

Se Deus de fato existe, na última semana de janeiro se comprovou: sim, Ele existe e definitivamente não gosta muito de mim e nem de minha amiga Jéssica. Todas as coisas que puderam dar errado deram errada na semana da mudança. Assumindo a possibilidade de que deus exista, a sua grande preocupação da semana, no mínimo, era “em como atrapalhar a mudança daqueles dois”.
Tentando impedir a mudança minha e da Jéssica, Deus chegou dando o impacto do valor alto da taxa de condomínio. Com um valor bem acima do que havíamos planejado só me recordo de ver a Jéssica balançando a cabeça, afirmando, e eu concordando. Afinal, ela queria sair de sua cidade e eu conquistar minha liberdade, isso era o que nos interessava.
Certos do apartamento, a Jéssica já estava arquitetando tudo com o seu pai para a mudança: o domingo seria o dia perfeito! Não contente com isso, Deus então lançou a tormenta da mudança. Se mudar para um condomínio assim não poderia ser tão fácil! Ele, no alto de sua bondade, pensou: “irei fazer com que aqueles dois corram como nunca correram na vida! Mudar-se no domingo é proibido, assim como depois do meio dia de sábado. E não só isso: para complicar tudo, eles devem ir até a administradora de condomínio pagar uma taxa, agendar a data da mudança, falar com a guarda municipal e reservar a vaga do caminhão no estacionamento para sábado de manhã”. E assim foi! Os dois ratinhos foram lançados no labirinto de Deus e correram de um lado para o outro. O sistema da imobiliária havia “caído” (humpf, caído... sei), a Prefeitura não sabia o que era esse “trancar a rua para a mudança” e o calor estava infernal.
Entregar-nos? Jamais! A moça da imobiliária nos mandou o boleto por e-mail, duas guardas “azuis” e um guarda municipal nos indicaram onde deveríamos ir e o que pedir. Combinamos os horários e superamos o desafio imposto por Ele. Pelo menos por enquanto.

(...continua...)

quarta-feira, 21 de março de 2012

6x11 - Enfim, adulto

Temporada 6, episódio 11 - Enfim, adulto

Depois de uma semana totalmente atípica, cheguei a uma conclusão que estava evitando há muito tempo: minha adolescência finalmente acabou. Um emprego consideravelmente bom em relação à boa parte da população, formado na faculdade e morando fora da casa dos meus pais.
Para quem conhece minha trajetória sabe do meu belo currículo juvenil. Dedicado à uma adolescência voltada para os estudos, trabalho e a religião, minha fase de “curtição” passou muito batida. Tendo que trabalhar aos 14 anos e complementando o meu tempo semanal aos estudos, senti na pele a correria de “não ter temo para nada”. O que muita gurizada reclamada hoje, de trabalhar e estudar simultaneamente, eu sempre emendo: fiz a mesma coisa mais jovem do que você, era o cara que tirava uma das (quando não era a) notas mais altas das turmas e ainda sobrava um tempo no final de semana dedicado à cursos de formação profissional, aulas de catequese e grupo de jovens da Igreja Católica. Sim, já fui um santo! Sempre tive que pagar os meus estudos, inclusive a universidade, quando ingressei em 2002. Era muita responsabilidade para uma criatura de 17 anos, porém ciente do que estava acontecendo e do caminho que deveria ser seguido. Não é questão de se fazer de vítima, é apenas uma abordagem de que todos possuem uma história e que chegar onde está não é mero acaso ou sorte.
Mesmo tendo pequenos compromissos, sempre me senti um “gurizão” ou um eterno adolescente, que estudava, vivia com pouco dinheiro, trabalhava e saía para a balada no sábado. Longe de meus pensamentos a ideia de crescer e virar adulto. O “Complexo de Peter Pan” era algo visível e toda e qualquer atitude que me fizesse parecer mais jovem era tomada: corte de cabelo mais jovem, barba sempre feita humor lá em cima e cheio de planos. Nunca quis crescer e me tornar adulto – talvez por medo ou comodismo.
Em uma tarde de sexta-feira, passando (sofrendo com) uma de minhas camisas sociais eu pensei: poxa André, finalmente você cresceu. Está lavando e passando as suas roupas e preparando o seu almoço. Mesmo que dividindo a moradia com uma grande amiga – o qual arrisco a dizer que não poderia ter escolhido alguém tão boa quanto ela – o orgulho daquele momento, em que finalmente assumi meus primeiros cabelos e fios de barba brancos foi ímpar! Um pequeno passo para a sociedade, mas um enorme para um simples homem. Finalmente sou um adulto.
Quem sabe esse é o dilema de muitos jovens que possuem certo medo em sair da fase adolescente e assumir a maturidade adulta. Acredito que muitos dos trintões e quarentões que ainda se agarram na saia da mãe o fazem por insegurança e medo da vida adulta. Até compreendo, pois tive o mesmo medo por muitos anos até dar esse passo.
Tornar-se adulto, responsável, ciente, seguro de seus sentimentos, forte em suas convicções, com objetivos profissionais bem definidos, com preocupações financeiras. Mais cedo ou mais tarde todos acabam sendo consumidos por isso, seja por vontade própria ou pela força ingrata da natureza. Quanto mais se tardar, pior: ninguém é eterno!

quarta-feira, 14 de março de 2012

6x10 - Xarope pra tosse

Temporada 6, episódio 10 - Xarope Pra Tosse

A vida é muito curta para se importar com tudo, oh
Eu estou perdendo a cabeça, perdendo a cabeça, perdendo o controle
Aqueles peixes no mar estão me encarando, oh oh
Oh oh oh oh
Um mundo molhado anseia pela batida de uma bateria,
Oh

Se eu conseguisse achar um jeito de ver isso melhor
Eu fugiria
Pra algum destino que eu já deveria ter encontrado
Eu estou esperando esse xarope pra tosse fazer efeito, fazer efeito

A vida é muito curta para se importar com tudo, oh
Estou chegando agora, chegando agora, saindo do nada
Esses zumbis no parque, eles estão procurando por meu coração
Oh oh oh oh
Um mundo escuro anseia com um respingo do Sol, oh

Se eu conseguisse achar um jeito de ver isso melhor
Eu fugiria
Pra algum destino que eu já deveria ter encontrado

Então eu corro para o que eles disseram que iria me restaurar
Restaurar a vida do jeito que ela deveria ser
Estou esperando esse xarope pra tosse
Fazer efeito

A vida é muito curta para se importar com tudo, oh
Eu estou perdendo a cabeça, perdendo a cabeça, perdendo tudo

Se eu conseguisse achar um jeito de ver isso melhor
Eu fugiria
Pra algum destino que eu já deveria ter encontrado

Então eu corro para o que eles disseram que iria me restaurar
Restaurar a vida do jeito que ela deveria ser
Estou esperando esse xarope pra tosse
Fazer efeito

Mais uma colherada de xarope pra tosse agora mesmo, oh
Mais uma colherada de xarope pra tosse agora mesmo, oh

segunda-feira, 5 de março de 2012

Temporada 6, episódio especial - Não é só mais um 05 de março

Temporada 6, episódio especial – Não é só mais um 05 de março

Para muitos, 05 de março não deixa de ser um dia como outro qualquer, inclusive para mim - é um dia de acordar cedo, pegar ônibus, ir pro trabalho, voltar pra casa, conversar com minha amiga, falar com a pessoa amada...enfim, dia 05 de março é um dia rotineiro, inclusive para mim, que ao longo dos anos esqueceu do brilho do único dia do ano que lhe é dedicado. 
Quero agradecer a mãe Edna Monteiro Costa, por relembrar de como era bom e divertido os nossos almoços em conjunto. Conversar sobre a vida, sobre coisas fúteis e dar boas risadas. De fato, a mãe é uma das pessoas mais alto-astral que conheço.
Quero agradecer à todos os meus colegas da PREFEITURA MUNICIPAL DE MORRO REUTER, que me recordaram o que é aniversariar em um ambiente bom de trabalho. O cartão de aniversário que me deram foi, realmente, algo inesperado.
Também agradeço ao pessoal virtual, das mais simples postagens até as que consumiam algumas linhas, li cada uma com muito carinho e respondi uma a uma, com a mesma atenção e dedicação.
Quero agradecer especialmente à Jéssica Schneider por me fazer lembrar do brilho dessa data que, apesar de ser "mais um dia 05 de março", é o meu dia 05 de março. Agradeço à essa menina, tbm, por me fazer lembrar que devemos ser como a velinha persistente do bolo de aniversário surpresa: nunca devemos desistir de brilhar, mesmo que muitos tentam conter e consumir o teu brilho.
Não posso deixar de agradecer ao Maiquel, que por tantos motivos, assim como a Jéssica, tem me tornado uma pessoa tão alegre e feliz. 
Obrigado por me deixarem vermelho de vergonha, desajustado e sem palavras. Obrigado por terem tornado o dia 05 de março de 2012 o MEU 05 DE MARÇO!

sábado, 3 de março de 2012

6x09 - Castelo de Ás

Temporada 6, episódio 09: Castelo de Ás

Caminhar pela cidade sem perceber as edificações é praticamente impossível, ainda mais quando se migra de uma cidade pequena para outra maior, muito maior, dez vezes maior. Nada que se compara com a selva de pedras da capital Porto Alegre, mas é impossível não perceber o tom cinza que São Leopoldo carrega – bem diferente de minha adorada Dois Irmãos, que chega ser um tédio de tão colorida que é. Andando pela cidade fiquei imaginando o grande trabalho que se teve para levantar tudo. Pode ser um tempo relativamente pequeno, talvez uns anos, mas um tempo menor se comparado com outras grandes edificações feitas. Pirâmides, estátuas, estruturas e outras maravilhas da engenharia, todas tão bem planejadas para a mais bela perfeição e harmonia.
Cálculo e muita paciência, ingredientes necessários para levantar qualquer coisa – seja uma selva de pedras ou um castelo de cartas. Castelo de cartas, como eu adorava levantá-los, equilibrar com todo o cuidado carta a carta, formando pilares, criando mais e mais andares. Era uma diversão trabalhosa, mas satisfatória.
Montar um castelo desses, de cartas, é trabalhoso e requer tamanho cuidado, assim como as relações humanas. Quando mais forte forem os pilares do castelo, mais resistente ele fica e, óbvio, mais difícil dele desabar. Quanto mais atenção se é dado na relação humana, mais resistente ela fica e menor o risco de qualquer coisa destruí-la. Indiferente daquilo que se faça nenhum castelo ou relação humana está livre do desgaste do tempo – cada um saberá contornar a depreciação e revitalizar os sentimentos. É como no castelo de cartas: se reforçam as bases para evitar um desabamento.
A coisa mais dolorosa em toda essa brincadeira é ver a sua “edificação” ruir em segundos quando um terceiro se intromete – seja por balançar a base ou por provocar qualquer brisa que todos os naipes se esparramam pela mesa. Parece que na amizade as coisas não são tão diferentes.
Seja forte ou seja fraca, esteja certo: em certo momento alguém virá e vai destruir tudo. Esqueça todo o esforço, todo o trabalho, o cálculo, a dedicação – esse alguém será tão mais importante, em um pequeníssimo prazo de tempo, do que você em anos de dedicação. É a tal da valorização, dos pesos e medidas, a formação de caráter, da mesquinhez e da idiotice – ombros podem te faltar mais à frente.
Se for para manter ruínas, eu não quero. Como bom tributarista municipal sei que ruínas, além de ter aparência horrível, é extremamente dispendiosa. Se for para manter ruínas, vamos demolir isso tudo de uma vez. Se for para levantar um castelo de cartas em um terreno nada firme ou sob a supervisão de alguém de personalidade duvidosa, não começaremos.
Nenhuma construção sobrevive à um alicerce fraco.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

6x08 - Amadureça, mesmo que tardio

Temporada 6, episodio 08 - Amadureça, mesmo que tardio

É um sábado chuvoso e de temperatura agradável na noite leopoldense. O barulho os veículos quebram o silêncio do meu quarto. Esperando a pessoa amada chegar para uma noite de filmes, também na companhia de minha amiga de apartamento. Tudo normal até então. Aproveitando os momentos de calmaria, comecei a fazer uma regressão e às vezes não acredito que, neste momento, no ano passado, a cerimônia de minha formatura estaria começando. Recordo-me da chuva que caía, assim como cai hoje; do nervosismo; dos meus pais e alguns amigos que compareceram naquele momento. A formatura de uma graduação realmente é um marco na vida de uma pessoa, indiferente de quantas (formaturas) forem feitas – é uma conquista, um sabor de vitória, um crescimento.
Pois é, crescer não é o problema, pois todos, de uma forma ou outra, crescem – profissionalmente, socialmente, emocionalmente (?) – mas amadurecer, quem de fato passa por isso?
Ignorar algo está longe de ser encarado como maduro. Bloquear o/a ex-namorado/a no MSN e redes sociais, tão pouco. Não retornar ligações, embebedar-se em um falso sentimento de felicidade, também.
 Amadurecimento pouco condiz com classe social, formação acadêmica ou evolução profissional - está no domínio de seus medos, de suas angústias, de suas emoções.
Amadurecer é encarar os desafios, por mais complicados que sejam. É não desistir mesmo que todos te desmotivem. Amadurecer é nadar contra correnteza de forma sábia, é calar a boca no momento correto e ser pontual quando se faz necessário.
Correr, fugir, ignorar, contornar, esconder – belos verbos que são conjugados por aqueles que só crescem e se escondem no manto da vergonha e da fraqueza.
Aceite um desafio. Controle com sapiência. Amadureça, mesmo que tardio.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

6x07 - Preço de etiqueta

Temporada 6, episódio 07 – Preço de etiqueta


“Luíza já voltou do Canadá e o nós já fomos mais inteligente.” Em referência à repercussão de episódio polêmico de um reality show e de uma fama rápida de uma menina qualquer que está fora do país, essa frase dita por um âncora de um telejornal serviu como um banho de glória para muitos e um banho de água gelada para tantos outros.
Verdade seja dita: a exibição de um programa de fórmula batida e cansada, que presenteia, de certa forma, o que o ser humano mais gosta de fazer – cuidar da vida dos outros - já nos cansou. Pipocam por todos os cantos inúmeros intelectuais, criticando tal programa e, de quebra, quem os assiste. Nas redes sociais, chovem postagens de apoio aos concorrentes do grande prêmio e, nessa onda, se proliferam campanhas de “Compartilhe se você quer que o BBB seja tirado da TV”, dentre outras favor ou contra. Concordo que chega ser insuportável acessar os portais nos bombardeando de notícias sobre o reality show.
Então, já está marcado em nosso calendário! Todo o inicio do ano, quando o programa da “nave-mãe” entra com sua nova temporada, surgem os fãs ávidos que acompanham, torcem e votam pelos seus favoritos; os que criticam aqueles que acompanham o programa e; os que criticam os que criticam os fãs.
Neste momento que surgem pensadores e críticos que falam mal do programa e de quem os assiste. Frases de impacto brotam das redes sociais. Jornalistas chamam os brasileiros de burros por darem atenção a um evento (ou mais eventos simultâneos) idiota. O fato é que quem quer passar a imagem de intelectual, esse é o momento. Está aberta a temporada de pseudo-intelectuais.
Desde quando a intelectualidade de alguém pode ser julgada pelo simples fato dele em assistir programa A, B ou BBB? Não há fundamento em categorizar as pessoas pelo simples fato do que ela assiste. Não assisto novela, mas sim seriados – o que de certa forma dá no mesmo. Não assisto humorísticos na televisão, mas sim animes.  Postar citações de escritores não transforma ninguém em um ser intelectual. Uma frase qualquer em fonte itálico ao lado da foto de algum artista conhecido não é sinônima de intelectualidade por parte de quem posta.  
Da mesma forma, há quem gosta de carnaval e há quem o detesta. Falar mal de um evento, festa popular ou programa de televisão não leva a nada. Vamos pensar: boa parte das pessoas já levam uma vida sofrível e difícil e o que eles querem é chegar à casa de noite, assistir a sua novela e o seu reality show e descansar; eles querem poder se divertir e fazer festa sem culpa, beber e dançar. Dar atenção à uma frase tosca de alguém que está no Canadá, o que é que tem? Imagina quão chato seria se todos fossem marrentos como o âncora do telejornal? E a tal da liberdade?
A questão é que as pessoas gostam de, em meio disso tudo, poder aparecer. Passar a imagem de algo que não se é já deveria ter se tornado modalidade olímpica. O que importa, pra todo mundo, é o preço de sua etiqueta, aquilo que se apresenta, indiferente de sua real utilidade ou do seu real valor. É o mundo de aparências, apenas isso.
Viva o carnaval! Viva o BBB! Viva o futebol! Viva a cultura (talvez inútil). Viva os críticos de plantão! Viva os pseudo-intelectuais! Viva todo mundo que não se preocupa com isso tudo!
Não, não sou intelectual e nem humorista – apenas sou alguém que não aguenta mais ver (e ler) tanta hipocrisia.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

6x06 - Sem o meu guarda-chuva

Temporada 6, episódio 06 - Sem o meu guarda-chuva

Já estava na hora de voltar para casa naquela noite de quinta-feira abafada. Nuvens carregadas davam a entender de que a chuva chegaria mais cedo ou mais tarde – eu torcia que fosse mais tarde. A ideia de tomar um banho de chuva nos 3km de trajeto, trinta minutos de caminhada, da escola onde trabalho até a casa onde (ainda) moro, não me agradava nenhum um pouco. Acreditando que a chuva não cairia durante o percurso, optei por retornar ao lar sem um guarda-chuva na mochila.
Tremendo engano professor Monteiro. Pouco mais de quinhentos metros de percurso e a chuva dava o ar da graça, caindo aos poucos, inofensivamente. Segui despreocupado pela avenida até que “a coisa ficou séria”. A inexpressiva precipitação estava se tornando numa bela ameaça. Apertei o passo e esperei por alguns segundos a chuva acalmar, debaixo de uma árvore, mais ou menos na metade do caminho.
Pensei por um momento: André, tu reclamou de calor a semana toda, estava implorando por chuva e agora quer escapar dela? E as coisas funcionam bem assim mesmo: você tanto quer uma coisa, reza, pede e implora, e quando o “presente” é dado, se faz desdém e não quer mais. Ser humano é um animal estranho: só dá o devido valor quando não se tem ou se perde as coisas. O que eu mais queria naquela semana estava ali disponível! Com essa mentalidade, certifiquei de que a minha mochila estava devidamente fechada e saí de minha zona de proteção. Só porque o que eu mais queria estava ali disponível não quer dizer que eu não deva me proteger e ser cauteloso.
A chuva por si só tem o poder de lavar a alma. A equação “noite abafada” mais “dia cansativo” mais “deixei meu guarda-chuva” é igual a “reflexão sob a chuva”. Ótima combinação - estava na hora de algo chegar e levar o que ainda me prendia ao ano de 2011. E assim foi, junto com as minhas pegadas, marcas de um passado ficavam pelo chão, deixadas lá e apenas lembradas como parte do meu caminho.
 Chuva de verão sem raios e trovões não é chuva de verão. Quem me conhece sabe que poucos fenômenos da natureza me amedrontam: relâmpagos, raios e trovões (sim, todos da mesma família). Observei lá no horizonte a beleza assustadora de alguns raios. O coração acelerou, mesmo sabendo da ínfima possibilidade daquilo me fazer algum mal. Pensei novamente: pra que ter medo? Já deixei para trás o que hoje não me faz feliz e é natural que nem sempre haverá chuva branda. Uma chuva sem trovoadas é como uma vida sem desafios. Algumas (chuvas) com certeza causarão estrago em dado momento. É natural – eventos nos arrasam, mas a bonança é certa depois de tudo.
Finalmente cheguei em casa, molhado, sem medo dos raios e com os rastros de um passado pelo caminho. Ao fim, me convenci de que deixei o guarda-chuva de propósito – temos que aprender a caminhar sem a nossa proteção de vez em quando. 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

6x05 - Tudo faz parte do plano

Temporada 6, episódio 5 - Tudo faz parte do plano

Certa manhã de domingo, após voltar de uma balada em Porto Alegre, leio uma placa de uma lojinha de quinquilharias antigas e, aproveitando que o proprietário do estabelecimento estava por perto, falei: “Senhor, bom dia. Não pude deixar de reparar que a placa daquela carroça, lá da frente, contem um erro: sítio é com ‘s’, e não com ‘c’”.
Todos os dias, de segunda à sexta-feira, eu faço o mesmo caminho para ir ao trabalho. Dessa forma, todos os dias eu me deparo com a mesma BR 116, com o mesmo mercado do “Seu Zé”, com a mesma igreja, com a mesma rodoviária e com a mesma loja de antiguidades que fica na entrada do bairro vizinho à qual moro. Esta é uma rotina que muitos de vocês fazem e que passam pela mesma situação que eu. Algumas coisas conseguem me chamar à atenção e, uma delas, é a ortografia apresentada em anúncios, redações escolares, placas e afins.
Em certa manhã percebi que aquela simpática casa da esquina havia se transformado em uma singela loja de antiguidades. Admirei a genialidade do proprietário que transformou ferros retorcidos em suporte para flores e uma carroça velha em um “escorregador reciclável” – a placa dizia “Venha conhecer o primeiro escorregador reciclável do mundo”. Essa placa, por si só, já era engraçada pela audácia do senhor empreendedor do quase-museu da BR 116, mas a placa ao lado era mais cômica: “Tudo para o seu cavalo: do fucinho (sic) ao rabicó”. Certamente, a grafia correta seria “focinho”, porém como era um erro tipicamente normal, aquilo passou despercebido.
A cada dia que passava a lojinha da esquina da BR passava por reformas e mais placas interessantes. “Estacionamento próprio” e uma seta desenhada abaixo apontava o local para os clientes estacionarem os seus carros. Tais clientes eram recepcionados com um belo dizer: “Ceja (sic) bem vindo!”. Se eu tivesse uma máquina fotográfica tiraria uma foto e mandaria para o Kibeloco e deixaria meu nome na célebre “Pracas (sic) do Brasil” que o blog humorístico mantem. Pensei que nada poderia ocorrer de erro quando, ao passar pela placa indicativa para o estacionamento, tropeço em outra: “Estacionamento pórprio (sic)” – o erro tão idiota que até o Word corrige automaticamente.
O último grande crime contra a Língua Portuguesa foi uma placa de outra carroça velha que dizia o seguinte: “Estou a venda. Estou louca para ir para um cítio (sic)”.
Assim foi, dia após dias, meus olhos açoitados pelas belas placas e suas grafias impecáveis, até o dia em que eu tomei coragem e comentei com o senhor, dono do lugar, sobre o tal erro. “Senhor, bom dia. Não pude deixar de reparar que a placa daquela carroça, lá da frente, contem um erro: sítio é com ‘s’, e não com ‘c’” – comentei com ele. Aquele senhor me olhou por dois segundos, deu uma risadinha marota e respondeu: “Interessante, mas aquilo te chamou a atenção, certo?”. Afirmei com a cabeça e ele finalizou, batendo o indicador na cabeça como sinal de astúcia: “Então consegui o que eu queria! Tudo faz parte do plano!”.
Pela primeira vez em muito tempo alguém conseguiu me deixar sem palavras.